Perséfone: Processo Criativo / Persephone: Creative Process

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CORPO

Para a criação desta coreografia parti de alguns conceitos que logo de início me chamaram atenção sobre o arquétipo: manipular e ser manipulada. Pesquisei diversos vídeos que se tornaram referência sobre qualidade de movimento para Perséfone.

Se você quiser ler mais sobre o mito e arquétipo de Perséfone, clique aqui.

Baseado em alguns desses vídeos encontrei o popping (que é um estilo dentro das danças urbanas baseado na técnica de rapidamente contrair e relaxar os músculos para causar um empurrão no corpo do dançarino, referido como um pop ou uma batida) e quis testá-lo em meu corpo.

Segue uma sequência de fotos de um ensaio em outubro de 2019:

Porém, em um ensaio em Dezembro 2019, relacionei os movimentos de cada arquétipo a uma parte do corpo, e Perséfone foi associada à espinha dorsal. A partir desse dia a movimentação ficou mais fluida e perdeu a qualidade do popping. Porém, encontrei a espinha dorsal que move Perséfone de Deméter à Hades e vice-versa.

“Perséfone: gosto do movimento do púbis puxando ela para Hades e as mãos para a mãe. Movimento de se descabelar no final por não dar conta de agradar a todos. Ser manipulada pela mãe (se tornar uma boneca), mas se fingindo ir em direção a Hades.” Trecho do meu diário de ensaios do dia 23 de janeiro 2020.

Ao longo dos ensaios de janeiro muitos movimentos interessantes foram surgindo até que eu chegasse na coreografia final para o vídeo (a pesquisa continua e não termina nesse vídeo).

Mais um trecho do meu diário de ensaios que gostaria de compartilhar: “Perséfone: movimento infantil para a mãe, algo a puxa para o outro lado e ela encontra algo que a agrada, ela é puxada pela mãe novamente infantil, é puxada para o outro lado, explosão, descoberta da sexualidade, é puxada para a mãe e começa a ser puxada para os dois lados até que se descabela, se joga no chão, espernear, e terminar sozinha sofrendo com as mãos na barriga.”

MÚSICA E CORPO

O processo da relação entre música e corpo para esse vídeo foi diferente do de Afrodite e de Deméter, pois a música de Perséfone foi uma das últimas que o compositor Bobby Locke me mandou. Porém, eu senti uma relação forte com o arquétipo e idéias de movimento começaram a surgir logo no início dos meus ensaios.

Como o Bobby estava trabalhando em outras músicas enquanto eu ensaiava essa coreografia, foi interessante poder trocar referências corporais com ele antes que chegassem as ideias musicais. Por isso o caminho foi: do corpo para a música.

VÍDEO E CORPO

Como valorizar através do vídeo a dicotomia nas relações de Perséfone?

Acredito que o arquétipo de Perséfone seja o único (em referência ao livro de Jean Bolen: “As Deusas e a Mulher”) que tenha uma relação tão forte com dois outros personagens em sua história. A relação de Perséfone com sua mãe Deméter e com Hades desenha o perfil da pessoa que se identifica com esse arquétipo.

A vontade de traduzir essa dicotomia de relações na vida de pessoas que tem o arquétipo de Perséfone latente, também veio na hora de filmar o vídeo. Queria valorizar ainda mais as visões da mãe e de Hades, por isso optamos (eu e a diretora Cybele Washington) por fazer a filmagem de três ângulos diferentes: o da mãe Deméter, o de Hades e um frontal para dar a dimensão dicotômica das relações.

Curiosidade:

No dia da filmagem dos vídeos (no Espaço Cia da Revista) estávamos usando uns painéis brancos como rebatedores de luz, porém eles não estavam fixados ao chão e de tanto eu repetir a cena final do vídeo (em que eu bato as mãos no chão), os rebatedores escorregaram e caíram. 🙂 Aqui está uma foto do dia da filmagem.

Mais uma curiosidade:

Eu fiz uma pesquisa de cantoras brasileiras, antes de convidar o músico Bobby Locke para compor. Aqui está uma música que eu associei à Perséfone:

Destino – Xênia França
Do lado de dentro rainha sou eu
Mulher que ama e sabe dar adeus
Eu sei que tudo na vida acontece
Quem me conhece pode lhe dizer
Tudo eu espero e toda me entrego
Levanto até as paredes
De um barracão desabado
Mas Deus foi quem me fez nessa vida
E eu cumpro ordens de um bom destino
Se ele quiser, eu posso querer

Aqui está meu vídeo de Perséfone e deixe um comentário sobre o que você achou:

Para evitar que eu fique postando sempre a mesma coisa em todos os posts, eu recomendo a leitura desse post para entender melhor o contexto da minha pesquisa e em que momento estou.

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